quarta-feira, abril 18, 2007

DA SAUDADE ...

Ainda é cedo, sabes?
As pedras são maiores que as nossas mãos.
No ar pesa a espessura da tristeza.
As uvas estão verdes.
Não é tempo do vinho.
O grão já é farinha mas
o fermento dorme.
Não é tempo do pão.
Pequenos os seios das mulheres.
Não é tempo do leite.
As abelhas zumbem mas
a flor do rosmaninho é só botão.
Não é tempo do mel.
Amargos os lábios dos homens.
Não é tempo do beijo.

Ainda é cedo, sabes?
Esperemos de mãos dadas
sentados no caixote dos brinquedos
bebendo os versos que havemos de escrever.

Verás que amadurece o tempo da saudade.

Poema retirado do http://sitiopoema.blogspot.com/